02/02/1934
13/05/2025

Ilda Menezes

Ilda Menezes viveu 91 anos com uma leveza que tocava fundo. Não era do tipo que chamava atenção ao entrar — mas quem cruzava seu caminho jamais esquecia a paz que ela deixava ao sair.

Nascida em 1934, num tempo em que quase tudo era feito à mão, ela aprendeu desde cedo a arte de cuidar: da casa, das plantas, dos outros. Sabia que o silêncio também podia ser resposta — e que um bolo no forno dizia mais que mil conselhos.

Foi mãe presente, avó carinhosa e amiga leal. Tinha mãos que curavam e palavras que aqueciam. Costurava com perfeição, sim — mas bordava mesmo era afeto em cada gesto.

Nas tardes de domingo, a família se reunia em torno da sua mesa — arroz com feijão temperado com alho e histórias. Lia trechos da Bíblia com os óculos na ponta do nariz, e escrevia recados amorosos nas margens das listas de mercado.

Nos últimos anos, pedia apenas que lhe contassem “as novidades lá de fora”. E ouvia tudo com olhos cheios de mundo.

Antes de partir, disse à filha mais nova:

“Se eu for embora antes de vocês, deixem a janela aberta. Quero escutar o riso de vocês passando por aqui.”

E assim partiu: com a casa em ordem, o coração leve, e uma vida vivida do jeito certo — sem pressa, sem alarde, mas cheia de presença.

Áudios para posteridade

O vestido azul da minha mãe

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